2 de abril de 2012

ontem foi assim

andei por estas bandas.




a minha primeira manif, que na realidade não podiamos considerar uma manifestação como aquelas que vemos a toda a hora.  nem no meu tempo de liceu eu fui para uma manif e olhem que eu passei por todas as experiências da ferreira leite na educação....sou dessa geração.
mas ontem achei que devia ir. chamaram-lhe a maior concentração nacional etnográfica, porque ontem assistimos a uma gigante manifestação de cultura!
a mobilização nacional foi 4 vezes acima do esperado. esperavam 50 mil, apareceram 200 mil!
200mil pessoas de todos os cantos do país. várias regiões, diversos costumes e todos os sotaques que possamos imaginar.
sabe-se perfeitamente que a lei vai avançar e nada do que se fez ontem vai mudar a opinião do governo, do sr. relvas principalmente, mas ontem pude conhecer nomes de terras que nunca tinha ouvido. e a minha freguesia, aquela que consta no meu bi como local de nascimento, também desfilou do marquês do pombal até à praça do rossio. apresentou-se perante lisboa, perante a capital, perante o país e perante outras terras.
é triste ver algo que se conquistou à mais de 700 anos, porque é do seculo 13 que datam as primeiras referências à existência desta junta de freguesia, desaparecer, porque uns senhores europeus vieram para cá e decidem acabar com tradições, com conquistas, com independências, com identidades e com proximidades que não conhecem. não fazem puto de ideia quem são as pessoas, de que terras se fala, de que culturas.
estamos a falar de juntas de freguesia que em muitas aldeias são a única instituição existente. que têm um orçamento anual igual a um carro de um director de uma empresa pública que dá prejuizos, que continuará a dar prejuízos e essas regalias continuarão a existir para essas pessoas, porque aí não interessa mexer.
estamos a falar de migalhas, mas que para 500 ou 1000 ou 2000 pessoas que residem nessas aldeias são muito importantes, são tudo, são o contacto, são a comunidade, são o apoio e a voz amiga que está ali. são acima de tudo são um orgulho. quando se fala tanto em apoio aos idosos, em zelar pelos mais pequenos e pelos mais velhos, é um contrasenso optar-se por uma decisão destas. uma vez perdida, jamais voltará.
é tão triste.
não digo que não existam aberrações no país, mas levar tudo a eito é indecente. é imoral. é desumano.
gostei muito de ter participado e comoveu-me ver tanta gente a lutar pelas suas raízes, pelas suas tradições, pela sua terra. como já disse muitas vezes, não sou lisboeta e sou daqueles que têm "terra".
poderia dizer tanta coisa sobre o que vi e o orgulho que senti ontem avenida da liberdade abaixo de bandeira em riste, ver-me rodeada de milhares de pessoas que orgulhosamente também mostravam as suas bandeiras, os seus trajes locais, as suas danças, os seus cantos, ver pessoas a aplaudir e a questionar onde ficava determinada freguesia.
a minha, onde eu nasci, pode desaparecer, mas posso dizer que brevemente aparecerá como local de filmagens de uma das principais séries da TVI!
o potencial que existe é grande e o que uns não vêem e querem extinguir, há outros que apreciam e sabem como rentabilizar.
é uma pena. é uma tristeza. é de uma extrema insensibilidade.

1 comentário:

  1. Keke à presidência! Gostei muito deste post! A verdade é que nunca tinha visto as coisas por esse prisma...

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